quando era criança
Ingénuo sonho de infância,
sem acordar medronho
Minha mãe sempre me disse
para ser bom
Os bons são compensados
Os maus são afastados
Minha mãe disse-me para não
sonhar muito
Não teve um caminho fortuito
Diz-me que sonhou em vão
Diz-me que os sonhos são
coisas muito vagas na nossa cabeça
Nem sempre queremos mesmo os nossos sonhos
Medo de que o sonho transpareça
para sempre na nossa realidade
Insistia para que rezasse
Os bons rezam e os bons se sacrificam
"Se rezares o Senhor salva-te"
Os maus entre os maus ficam
Então, minha mãe,
Rezar não é acreditar e acreditar não é sonhar?
"Sonhar é sem vintém!
Quem sonha são os loucos ...
os bons têm fé"
Tão que foram os meus ouvidos moucos
que o meu sonho de infância
ainda sonha de pé
Os maus também não sonham
Os maus conspiram na inveja
dos sonhos dos outros
Vivem colhendo a fé que sobeja dos bons
Por isso, minha mãe,
no fim
escolhi ser louco,
que o bom e o mau têm muito pouco
sono para poder adormecer
Sonho para poder acordar
03 Janeiro
1 comentário:
Um dia não é um poema num livro, é um livro num poema :)
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