segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Bom, O Mau e O Sonhador

Tinha um sonho
quando era criança
Ingénuo sonho de infância,
sem acordar medronho

Minha mãe sempre me disse
para ser bom
Os bons são compensados
Os maus são afastados
Minha mãe disse-me para não
sonhar muito

Não teve um caminho fortuito
Diz-me que sonhou em vão
Diz-me que os sonhos são
coisas muito vagas na nossa cabeça
Nem sempre queremos mesmo os nossos sonhos
Medo de que o sonho transpareça
para sempre na nossa realidade

Insistia para que rezasse
Os bons rezam e os bons se sacrificam
"Se rezares o Senhor salva-te"
Os maus entre os maus ficam
Então, minha mãe,
Rezar não é acreditar e acreditar não é sonhar?
"Sonhar é sem vintém!
Quem sonha são os loucos ...
os bons têm fé"

Tão que foram os meus ouvidos moucos
que o meu sonho de infância
ainda sonha de pé
Os maus também não sonham
Os maus conspiram na inveja
dos sonhos dos outros
Vivem colhendo a fé que sobeja dos bons

Por isso, minha mãe,
no fim
escolhi ser louco,
que o bom e o mau têm muito pouco
sono para poder adormecer
Sonho para poder acordar


03 Janeiro

1 comentário:

Vasco disse...

Um dia não é um poema num livro, é um livro num poema :)